Como tornar-se um storyteller profissional

James McSill e Noscilene Santos

Certa vez…

Reuniram-se quarenta e duas pessoas na bucólica cidade de Canela, no Sul do Brasil, para experienciarem técnicas inéditas que os levou adiante num primeiro passo a desenvolverem e aplicarem a arte do Storytelling com o mestre James McSill, recém chegado do Reino Unido trazendo novidades da Holanda, Bélgica e Alemanha. James estreia o seu estúdio de storytelling no norte da Inglaterra, o único trilíngue do Reino Unido que lida com países latinos.

Em Canela, o ambiente rústico por si só já inspirava histórias. Naquela sala retangular de paredes feitas de madeira e na transversal duas lareiras posicionadas nos cantos, foi onde configurou-se o “auditório”. James usou uma técnica intitulada “sacralização da estória”, em que absolutamente tudo na sala remetia ao resultado final: a EXPERIÊNCIA de ser capaz de introjetar que ‘histórias é para todos nós’ e visualizar em tempo real e em 3D como funciona o storytelling.

De um lado da sala, separando-a ao meio, mesas enfileiradas, cobertas de ponta a ponta por uma longa faixa de cartolina delimitava o espaço, como numa igreja medieval. De um lado das mesas estava preparado o local para as dinâmicas, o altar. Ali, um sofá amarelo encostado na parede, ao lado da janela; no centro, uma caixa de papel se destacava por ter a bandeira da Inglaterra nela estampada, além disso, guardava um segredo que seria desvendado no futuro. Do teto, logo acima da caixa, um “molho” de fitas de cetim descia, suas pontas arrastavam-se pelo chão. Na parede do fundo, os autores penduraram cartazes criativos, contando suas histórias de vida e da profissão. Quem já entrou numa igreja medieval conhece a parede onde os fieis colam as orações, as fotos dos milagres, fazem os pedidos. Do outro lado da fileira de mesas ficavam os bancos, onde os fieis sentaram-se para a “missa”, a experiência mística de transformar ‘estórias’ em instrumentos que os tornariam mais eficazes nas empresas, nos empreendimentos, na arte, na vida. E que experiência! Com o mestre McSill é ver para crer.

No decorrer da jornada, metáforas foram construídas a partir da utilização dos recursos disponíveis no ambiente. Objetos e pessoas se conectavam, seguindo os ensinamentos do mestre sobre como as histórias são estruturadas. Elas têm um começo e um fim. Têm princípios e regras. Personagens excepcionais e cenas que dão vida à narrativa. James nos conduzia de lado a lado com uma naturalidade que, se não fosse pelo ambiente montado nos mínimos detalhes, pareceria improvisação. “O storytelling, dizia o mestre, é natural e tem de parecer natural para atingir o efeito desejado – ou vira filminho hollywoodiano no qual ninguém acredita de verdade. Divertido, mas de credibilidade dúbia”.

No segundo dia, o desafio para metade dos autores seria escrever sobre um acontecimento em sua empresa no dia tal de dois mil e tal e a outra metade escreveria sobre o que aconteceu na sua vida em outra data.

Em minutos, cronometrados, as histórias estavam escritas. Então, formaram-se dois círculos, como se fosse a beira do altar, um interno e outro externo para receberem o feedback ou as “chibatadas” do James. O primeiro voluntário lia sua história. Todos colavam o olhar curioso no leitor, depois no James, sem querer perder quaisquer comentários. Provocativo, com seu humor Inglês em Português, ele levava os autores a refletirem e a fazerem as correções dos textos, estruturando-os com princípios e regras do Storytelling.

Após a finalização dos feedbacks, a história de cada um dos autores foi colocada, lado a lado, sobre a faixa de cartolina que cobria as mesas. Depois, foram convidados a circularem pelas histórias com o objetivo de identificarem uma com significado pessoal. Tinha-se aqui o propósito de buscar um fato em sua linha do tempo e escrever sobre o que lhe aconteceu naquela data. Na data da história escolhida.

Os autores escreveram a história pessoal e a posicionaram ao lado daquela história inspiradora.

E assim nasceu um livro com oitenta histórias pessoais e empresariais.

E o segredo no final?

Sim, este foi revelado a quem estava lá.

E isso… Eu não posso contar.

As histórias se movem no tempo, dão vida às ideias, tornam-se memoráveis! Você também poderá ser o autor da sua história. Se tornar um storyteller para desenvolver outras pessoas a escreverem suas histórias de vida, histórias empresariais. Enfim, adotar o storytelling como um meio de levar informações.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *