Um sábio rei acreditava que uma nação cujo povo reclama e espera que outros resolvam seus problemas não pode crescer.
Uma noite, enquanto todos dormiam, ele pôs uma enorme pedra na entrada, escondeu-se e esperou.
O primeiro a passar foi um fazendeiro com sua carroça, “Que descuido! Disse ele contornando a pedra. Porque esses preguiçosos não mandam retirar essa pedra da estrada?” e continuou reclamando da inutilidade dos outros, sem ao menos tocar na pedra.
Logo depois, um jovem soldado, tão distraído pensando em sua coragem na guerra, não viu a pedra, tropeçou e caiu. Ergueu-se, sacudiu a poeira da roupa, e enfureceu-se com os preguiçosos que insensatamente haviam largado uma pedra imensa na estrada – afastou-se, sem pensar que ele próprio poderia retirar a pedra.
Assim correu o dia. Todos que por ali passavam reclamavam, resmungavam por causa da pedra, mas ninguém a tocava.
Finalmente, já quase noite, a filha do moleiro por lá passou. Mesmo cansada por ter trabalhado muito desde cedo, resolveu tentar tirar a pedra do caminho, evitando que alguém se ferisse. Tentou arrastar a pedra, empurrou, inclinou, até que conseguiu move-la. Debaixo dela encontrou uma caixa com dizeres sobre a tampa: “Esta caixa pertence a quem retirar a pedra”.
Abriu a caixa: estava cheia de ouro! A filha do moleiro foi para casa feliz.
Quando o fazendeiro, o soldado e os outros ouviram o que havia ocorrido, foram correndo ao local na estrada onde a pedra estava, na esperança de encontrar um pedaço de ouro.
“Meus amigos”, disse o rei, “com frequência encontramos obstáculos no caminho”. Podemos reclamar em alto e bom som enquanto nos desviamos deles se assim preferirmos, ou podemos erguê-los e descobrir o que eles significam. A decepção é normalmente o preço da preguiça.
O sábio rei montou o seu cavalo e com um delicado boa noite retirou-se.